NEUROUROLOGIA
DOENÇAS I MEDICINA PÉLVICA FEMININA E NEUROUROLOGIA
BEXIGAS NEUROGÉNICAS
Informação Geral
Se sofre de estenose da uretra (estreitamento do canal uretral), saiba que, antes de se submeter a qualquer tratamento cego, por exemplo, dilatação uretral ou uretrotomia interna (incisão endoscópica do aperto), deve efectuar exames imagiológicos adequados (não apenas uma endoscopia) para determinar a localização e o comprimento do aperto/estenose uretral, assim como o grau de destruição dos tecidos vizinhos, circundantes. Deverá abem saber que, se o aperto uretral fôr superior a 10-15 mm de comprimento, ou se já foi submetido a uma dilatação ou incisão do aperto, e houve recidiva do mesmo, isto é, voltou à mesma situação, então a cirurgia aberta, designada uretroplastia, é o tratamento de eleição, de forma a evitar a ainda maior destruição, por vezes, irreversível, da uretra.
Muitos dos doentes que tratamos já se submeteram a múltiplos tratamentos sem sucesso, sem terem primeiro efectuado exames de diagnóstico, ou sem saber que é possível resolver estas situações com taxas de cura até 98% com uma intervenção cirúrgica, deepndendo da complexidade do problema actual, em vez de continuar a padecer da doença e repetir os mesmos procedimentos, que apenas rpoporcionam alívio temporário. Para mais informção sobre estenoses/partos da uretra, consulte as várias secções referentes aos vários aspectos da estenose uretral.
Introdução e Anatomia
O que é um aperto (estenose) da uretra? A uretra é uma estrutura tubular, que transporta urina desde a bexiga até à extremidade do pénis (meato uretral externo). Em condições normais, a uretra é um canal elástico, amplamente distensível, que não opõe qualquer resistência à pressão hídrica que acompanha a passagem do fluxo urinário durante o esvaziamento vesical. Um aperto da uretra (em rigor não sinónimo exacto de estenose uretral) é um estreitamento de determinado segmento uretral. Não é uma doença contagiosa (apesar de poder ser provocado por uma delas), e geralmente não está associada a outros problemas médicos. A consequência do aperto da uretra é uma obstrução e dificuldade urinária. A figura abaixo ilustra a anatomia do aparelho urinário inferior e as potenciais áreas de maoir propensão para apertos da uretra.
Causa e Sintomas
a) Traumatismo por queda em sela (“straddle injury”)
Associa-se a trauma por impacto específico do períneo por queda tipo “em sela de montar” com esmagamento e rotura do tecido esponjoso uretral e dos vasos do períneo e consequente hematoma, hemorragia e obstrução miccional. Os sintomas de dificuldade miccional podem surgir meses, e até anos, mais tarde. Estes apertos desenvolvem-se tipicamente na uretra bulbar, segmento relativamente pouco protegido. É também frequente a associação com traumatismo com o quadro da bicicleta, uma vedação, um pontapé, uma bolada ou qualquer impacto na área escrotal.
b) Fractura pélvica com rotura da uretra posterior
Os acidentes de viação (automóvel e motociclo), traumatismos com esmagmento da cintura óssea pélvica funcionam através do mesmo mecanismo. Em aproximadamente 10% dos casos de fractura pélvica, ocorre uma rotura assocada da porção membranosa da uretra posterior. Na maioria dos casos, dá-se uma separação ou afastamento das extremidades uretrais, resultando nua incapacidade total em urinar.
c) Lichen sclerosus et atrophicus/Balanite xerótica obliterante (BXO)
Esta doença é também detectada em mulheres sob a forma de vulvite esclerótica e atrófica, pelo que é mais correcta a denominação de lichen esclerótico. De causa incerta, foi descrita pela 1ª vez por Stühmer, na Alemanha, em 1928. Caracteriza-se por manchas esbranquiçadas, endurecidas, de tecido atrófico, que surgem predominantemente no prepúcio e glande, levando a fimose (dificuldade ou impossibilidade de retracção do prepúcio) e estenose, ou até obliteração de longos segmentos uretrais.
d) Após cirurgia de hipospádias
A reconstrução da uretra hipospádica, principalmente em idade pediátrica, envolvendo recurso a transferência de tecidos e cirurgia cosmética da extremidade distal do pénis, pode complicar-se de estenose uretral. Para informação mais detalhada, consultar secção sobre hipospádias.
e) Procedimentos urológicos
Passagem de cateteres, sondas, algálias e outros instrumentos para tratamentos de doenças urológicas pode traumatizar e levar a formação de apertos uretrais. A fosseta navicular (segmento mais próximo do orifício na extremidade da uretra) é a área mais frequentemente afectada por este tipo de traumatismo. Por outro lado, a cirurgia prostática, radioterapia e, actualmente, as formas mais modernas de tratamento do carcinoma da próstata (ex., HIFU, crioterapia, braquiterapia, etc.) podem provocar estenoses bastante complexas do colo vesical e uretra membranosa.
f) Miscelânea
As anteriores constituem as causas mais frequentes de apertos uretrais. Outras causas menos frequentes incluem introdução de corpos estranhos na uretra e cirurgia protésica peniana. Outrora frequente, a gonorreia é actualmente uma causa rara de aperto da uretra no mundo ocidental.
Diagnóstico
Uma das consequências frequentes dos apertos da uretra é uma redução do fluxo urinário e aumento do tempo necessário para esvaziamento da bexiga. Os sintomas podem surgir de forma súbita ou lenta e gradual. Por vezes, os doentes “estão tão habituados” ao seu fluxo lento, que nem notam, ou valorizam, o verdadeiro problema, mas, quando questionados, referem que a sua micção é diferente e mais demorada, comparada com a de outros homens em urinóis públicos. Se o único problema fôr um fluxo mais lento, é aceitável e razoável para muitos doentes não se submeterem a tratamento e apenas “viver com a situação”. Infelizmente, a obstrução ao fluxo de urina causada por aperto da uretra pode conduzir a várias complicações e consequências graves: infecções urinárias repetidas, uretero-hidronefrose (dilatação do aparelho urinário superior), refluxo vesico-uretérico, formação de cálculos vesicais, redução, e até perda, da função contráctil da bexiga com acumulação de resíduo pós-miccional, e por fim, insufuciência renal crónica