top of page

 

UROLOGIA

DOENÇAS  I  UROLOGIA RECONSTRUCTIVA E PROTÉSICA

HIPOSPÁDIA

DEFINIÇÃO

     Hipospádia consiste num defeito congénito da uretra masculina e feminina, implicando uma localização anormal do meato uretral (orifício urinário). Em vez da sua localização habitual, normal, no topo da glande, numa uretra hipospádica o meato urinário abre-se em qualquer ponto ao longo do sulco uretral na face ventral do pénis, i.e., ao longo do trajecto anatómico da uretra. A hipospádia é um defeito congénito do desenvolvimento sexual frequente e caracteriza-se por ectopia do meato uretral externo, encurtamento da uretra, associando-se frequentemente a curvatura ventral do pénis em erecção e pele prepucial redundante na face dorsal do pénis. Este defeito de desenvolvimento sexual também ocorre no sexo feminino, mas raramente é diagnosticado porque os médicos não estão habitualmente bem informados e sensibilizados acerca da hipospádia feminina.

     Os indivíduos do sexo masculino são geralmente diagnosticados com hipospádia na altura do nascimento. Habitualmente, não se efectua circuncisão nestes casos, porque a pele prepucial pode vir a ser necessária no futuro para a reconstrução cirúrgica da uretra. A correcção cirúrgica é frequentemente efectuada durante o 1º ano de vida nos EUA. Em outras partes do globo, estes doentes são submetidos a cirurgia em idade adulta. A maioria das hipospádias (50-75%) localizam-se na glande e sulco coronal (hipospádia distal ou de 1º grau). A hipospádia mediana, ou de 2º grau, localiza-se na haste peniana e a proximal, ou de 3º grau, localiza-se abaixo da junção penoescrotal e no períneo.

Os objectivos da correcção da hipospádia são: 1) correcção da curvatura peniana; 2) reconstrução de uma uretra de calibre e localização do meato urinário normais; 3) proporcionar um agradável aspecto cosmético. A escolha da técnica cirúrgica deve ser feita acs a caso. Em idade pediátrica, a maioria destes doentes em Portugal são referenciados para hospitais onde haja a valência de cirurgia pediátrica, por vezes, com baixo volume de doentes tratados por ano. Por outro lado, o seguimento destes doentes pelo cirurgião pediatra é bastante limitado no tempo, na maioria das vezes muito antes da entrada na idade adulta. Só a partir da maior idade é que estes doentes recorrem à consulta de urologia de adultos, muitas vezes por problemas do foro sexual e cosmético, mas também por problemas de obstrução miccional. Infelizmente, a cirurgia de hipospádia está associada a complicações graves, tais como deiscêcnia das suturas, estenose uretral, deficiente correcção da curvatura peniana, fistulização uretro-cutânea e a menos agradável aspecto cosmético. Existem também casos de aultos, que procuram ajuda para tratamento da hipospádia não tratada previamente. No entanto, a referenciação de doentes adultos deve-se a complicações da cirurgia de hipospádias, tais como estenose uretral e fístula uretrocutânea.

DIAGNÓSTICO

     Os aspectos mais relevantes da história clínica são a presença ou ausência de sintomas sugestivos de estenose uretral e/ou curvatura peniana ventral durante a erecção. Deve pesquisar-se a existência de outras anomalias congénitas associadas, tais como criptorquídea, hérnia inguinal e utrículo prostático, frequentemente encontradas na hipospádia escrotal ou perineal.

O exame objectivo deve enfatizar a qualidade e redundância da pele peniana, o aspecto e localização do meato uretral e o aspecto da bolsa escrotal. Em casos de hipospádia proximal, o escroto pode aparecer bífido ou, em alguns casos, a pele escrotal pode extender-se acima da base do pénis, situação designada “transposição penoescrotal”.

     Em idade pediátrica, os doentes são , em geral, submetidos a correcção cirúrgica sem qualquer estudo imagiológico ou endoscópico da uretra, porque, habitualmente, a restante é normal, i.e., sem estenoses. Contudo, a hipospádia não tratada constitui um factor de risco para o desenvolvimento de doença uretral estenótica em adultos. Nestes doentes adultos, calibramos o meato uretral e, se possível, a restante uretra. Seguidamente, efectuamos uretrografia retrógrada para constatar e confirmar normal permeabilidade uretral e, quando possível e desejável, uretroscopia flexível.

bottom of page